Microfonando
a Zabumba
A zabumba é tocada na
pele superior com uma maceta parecida com a do pedal de um bumbo e na pele
superior com uma vareta de madeira fina chamada bacalhau. Para se gravar em
estéreo, recomendo o uso de um microfone para a pele superior e outro para a
inferior, de acordo com a figura 1. Ambos podem ser dinâmicos ou condensadores,
dependendo da agressividade desejada. Lembre-se de inverter a fase de um dos
canais na mesa.
A posição do microfone superior deve ser encontrada de acordo com o
instrumento, embora na maioria das vezes você vá acabar mesmo colocando o microfone
a uns 30cm da pele, apontando para uma região na metade da distância entre o
centro e a borda da pele.
O microfone inferior deve ficar um pouco mais afastado, pois os níveis
alcançados pelo bacalhau são muito altos. Costumo dar preferência, neste caso,
aos microfones condensadores de diafragma pequeno. Cuidado para que o microfone
não atrapalhe a performance do músico.
Quanto à equalização, no canal do bacalhau pode-se dispensar os graves e as
médias-baixas. Eventualmente, será vantajoso um pequeno realce nas
médias-altas. No canal da maceta, você vai notar que a zabumba apresenta uma
certa rebeldia sonora, com harmônicos não muito consonantes nas médias-médias.
Evite embelezar demais, pois esta aspereza é que dá o som característico ao
instrumento. Quando se arruma demais a equalização da zabumba, ela acaba
ficando com som de tom-tom de bateria, o que certamente não é o desejado.
Na mixagem, evite o desejo de se puxar demais os graves, pois a zabumba não é o
bumbo de uma bateria. Sua fundamental soa bem acima, por volta de 150 a 300 Hz.
Acentuar os graves só trará ruídos.
Quanto à colocação no estéreo, se chegou para você uma zabumba gravada em mono,
você pode tentar separar os sons da maceta e do bacalhau. O jeito mais simples
é separá-los através da equalização. O resultado não é lá muito bom porque se
perde muito do ataque no canal da maceta. Uma técnica mais eficiente e muito
mais complicada foi a que usei no tributo a Luiz Gonzaga - Duetos com Mestre
Lua. Vou descrevê-la admitindo o uso de um sistema ProTools, mas nada impede
que seja usada em sistemas analógicos. Para começar, copiamos o canal da
zabumba original para um outro. O primeiro será o canal da maceta e o segundo o
do bacalhau. Equaliza-se este último deixando apenas as médias-altas para que só
o bacalhau soe. Agora, fazemos uma mandada deste canal para um bus,
habilitando-a como pre-fader. No canal da maceta, inserimos um compressor - por
exemplo, o d3 da Focusrite. Colocamos o attack e o release em seus valores
mínimos e a ratio no máximo (10:1)
e,
a seguir, habilitamos o sidechain (clicando na "chavinha") e
colocamos como entrada do sidechain o bus usado acima. Pronto, agora toda vez
que o bacalhau tocar, o compressor irá abaixar violentamente o volume do canal
da maceta. Assim conseguimos isolar os dois sons - o bacalhau através da
equalização e a maceta pela compressão (este tipo de compressão é chamado de
ducking). Veja a figura 2.